
Como teria de vir a dar-se, a passagem do tempo, com a fantástica sucessão de acontecimentos da política mundial, acabaria por exigir de Henrique de Gouveia e Melo um
grau de clareza para que teria uma enorme dificuldade em superar. Isto mesmo nos foi dado ver nas mais recentes intervenções públicas deste nosso candidato presidencial.
O nosso almirante não falta à verdade, mas evita abordá-la com a essencial clareza. Hoje mesmo nos foi dado ouvi-lo com a historieta que por aí vem sendo vendida sobre o perigo ligado à Federação Russa, liderada pelo Presidente Vladimir Putin. É a historieta que vem sendo debitada, repleta de falta de clareza e de verdade, desde que as tropas da Federação Russa invadiram a Ucrânia.
Também Henrique de Gouveia e Melo nada diz sobre as atividades, já muito antigas, dos Estados Unidos, com o obediente silêncio europeu, contra a Federação Russa, levadas a cabo no território ucraniano, e já desde a presidência de Poroshenko, logo continuadas por Zelensky. Nem uma palavra sobre a dúzia de estações da CIA ao longo da fronteira, de parceria com os históricos laboratórios de virologia, destinados a criar vírus artificiais, a serem inoculados em pombos-correio, depois enviados para o território da Federação Russa. De Henrique de Gouveia e Melo a explicação é simples: Putin é mau e um perigo para a União Europeia, e Trump lidera um Estado amigo desde sempre, mesmo que sem a natural correção para com um aliado que seja independente e soberano.
Com grande facilidade, basta que se tenham escutado as recentes entrevistas do nosso brilhante concidadão Bruno Maçães, para que logo na entrevista de ontem, com Vítor Gonçalves, na RTP 3, se lhe possa ter escutado que, à luz da sua vasta e inteligente perceção, o futuro de Gaza será sem palestinos, a serem assassinados ou despachados dali, com o território a ser ocupado por…Israel. Bom, sobre esta realidade, Gouveia e Melo limitou-se a falar das ameaças há muito realizadas contra Israel…
Finalmente, Gouveia e Melo, para lá de nunca se ter referido às torturas, vastas e dolorosas, do Shinbet, como ontem se pôde escutar a Bruno Maçães, apenas nos referiu que os Direitos Humanos são violados na Federação Russa, talvez também na China, mas nunca se lhe ouvirá dizer que isso mesmo se passa em Gaza, pela ação de Israel, ou nos Estados Unidos, como consequência da ação política de Donald Trump. Nem sequer terá visto algo de mal nas palavras deste para com a Espanha, liderada por Pedro Sánchez.
Infelizmente, os nossos jornalistas também nunca o questionam ao redor do que ontem se escutou, com verdade e coragem, a Bruno Maçães: até na Europa a democracia começa a funcionar a mal. Uma realidade já de todos conhecida, a que se junta a declaração de ontem do Major-General Agostinho Costa, sobre os meios humanos futuros das nossas Forças Armadas: a solução vai ser feita com o recurso ao Serviço Militar Obrigatório. Bom, é a evidência, e já de há muito, mas sobre que Henrique de Gouveia e Melo teima em operar ligeiras mutações, designando-a por Serviço à República…
Acabou, pois, por perceber-se, até com grande facilidade, que o nosso almirante evita (e de que modo!) abordar, com clareza e verdade, o que se passa no mundo. Bom, quer isto dizer que se situa longe dos requisitos para o exercício das funções presidenciais. E já agora: o que pensa Gouveia e Melo desta proposta de Donald Trump para que os tribunais israelitas encerrem os quatro processos-crime contra Netanyahu? É o Estado de Direito ao vivo, o que não se dá com o que se passa na Federação Russa…