Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Ano 115- Nº 4976

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InícioOPINIÃOPlenitude realidade

Plenitude realidade

          

Hélio Bernardo Lopes

COLABORADOR

José Pacheco Pereira, ainda no tempo da Quadratura do Círculo e pouco depois de Trump, O Bronco, ter tomado posse, referiu, pleno de propriedade, que Trump era o homem mais perigoso no mundo de então. Era e continua a ser, sendo que ainda se não viu tudo…

Mais tarde, o líder espiritual do Irão, em resposta ao homicídio de um general iraniano, para mais em território do Iraque, salientou, também pleníssimo de razão, que os Estados Unidos levaram a guerra a toda a parte, pilhando as riquezas dos povos, ajudando-os a manterem-se na pobreza e suportando todo o tipo de violência, desde que conveniente para os seus interesses.

Recentemente, já na Circulatura do Quadrado, José Pacheco Pereira voltou a exprimir o mesmo sentimento de há perto de quatro anos, agora já suportado nos mil e um fabulosos disparates de toda a natureza, porventura mesmo crimes de tipo diverso, praticados a um ritmo diário por Donald Trump, O Bronco. E não deixa de ser interessante constatar o modo acusador e autocrítico com que se criticou entre nós as nomeações de familiares de políticos, quando em plena Casa Branca e por toda a máquina administrativa dos Estados Unidos é o que se vê. O que salva tudo é que, recordando sempre Germano Almeida, os Estados Unidos foram sempre a grande democracia de referência… Usando um paralelismo, o nazismo foi mau, mas o macartismo não, porque praticado numa democracia de referência. Do mesmo modo, as SS e a sua Gestapo eram más, mas o FBI de Hoover foi ouro sobre azul.

Hipócrita e canalhamente, o Pentágono surgiu há dias preocupado – uns pobrinhos – com o desenvolvimento militar da China, recebendo de um alto funcionário do Governo chinês a adequada resposta: os Estados Unidos violam o Direito Internacional e destroem a paz mundial. Até a Organização Mundial do Comércio nos veio agora dizer o mesmo, embora ao redor da batota das normas alfandegárias por parte de Washington. Umas vítimas, portanto.

O que em mim ainda causa espanto é o estrondoso silêncio do Papa Francisco sobre esta evidente realidade: os EUA violam o direito internacional e destroem a paz mundial. No tempo de João Paulo II, a Igreja Católica Romana nunca deixou de apontar, domingo após domingo, os males do comunismo e as violações de Direitos Humanos na antiga União Soviética. Hoje, todavia, de Francisco, e perante os mil e um dislates, mesmo crimes, de Trump, O Bronco, e dos Estados Unidos, apenas se percebe o silêncio. É uma realidade muito significativa…

Mas o alto funcionário chinês foi bem mais longe, salientando que muitos anos de evidências mostram que são os Estados Unidos que fomentam a instabilidade regional, violam a ordem internacional e destroem a paz mundial. E logo juntou que as ações norte-americanas no Iraque, na Síria, na Líbia e noutros países, durante as últimas décadas, causaram a morte de mais de 800 000 pessoas, bem como o deslocamento de muitos outros milhões. E é a pleníssima realidade.

Ora, sendo tudo isto uma evidência apesar de tudo conhecida, vale a pena pensar sobre o que levará os políticos europeus a manterem o seu silêncio cúmplice sobre uma tão evidente e criminosa atuação política. Dizem-nos que vivem em democracia, e que até está presente o dito Estado de Direito, mas a verdade é que só se tomam medidas com os Skripal, porque com Kashoggi a caravana continua a passar… É um tempo da mais vasta miséria moral, onde até se consegue criticar Fernando Medina por apoiar publicamente Luís Filipe Vieira, mas não Rui Moreira por fazer o mesmo, mas com Jorge Nuno Pinto da Costa. Chora-se a morte de Vicente Jorge Silva, mas dá-se aos portugueses esta duplicidade noticiosa.

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