Cerca de 60 empresários da restauração dos concelhos de Valença e Vila Nova de Cerveira exigiram hoje que os deixem trabalhar e que “as regras de funcionamento do sector não sejam alteradas a toda a hora”.
“Não queremos subsídios, não queremos apoios. Queremos apenas e só que nos deixem trabalhar”, afirmou hoje à agência Lusa, João Cunha, um dos organizadores do protesto que decorreu durante mais de uma na cidade de Valença.
“Há uma série de restaurantes que estiveram presentes neste protesto que fecharam e não sabem quando vão reabrir. Há muitos outros que, provavelmente, não vão abrir”, reforçou o empresário de Vila Nova de Cerveira.
Valença e Vila Nova de Cerveira integram a lista de concelhos com risco elevado de contágio da covid-19, sujeitos ao recolher obrigatório entre as 23:00 e as 05:00, e com circulação limitada a partir das 13:00 de sábado e domingo.
Em declarações à Lusa, no final da manifestação, João Cunha disse que o setor está numa situação “dramática”.
“Não só os empresários e suas famílias, como os funcionários, produtores e fornecedores. Este é um setor que movimenta muito a economia, se estiver a trabalhar. Se estiver parado vai causar muita fome e muita miséria em toda região”, acrescentou.
Para o organizador do protesto “não é possível gerir uma empresa com regras sistematicamente alteradas”, como tem acontecido durante a pandemia de covid-19.
“Com a pandemia o setor da restauração reinventou-se e adotou todas as normas exigidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS). O que exigimos agora é que não nos alterem as regras do jogo a toda a hora. Temos funcionários, fornecedores, famílias e isso custa muito dinheiro. Não estamos a conseguir ter receita suficiente para cobrir essas despesas”, reforçou.
João Cunha não descartou a realização de novos protestos dos profissionais do canal Horeca (hotelaria, restauração e cafetaria).
“Se no final dos dois fins de semana de recolher obrigatório não houver nenhuma alteração nas decisões políticas, provavelmente vamos voltar a juntar os empresários para tomar medidas de protesto”, adiantou.
Valença e Vila Nova de Cerveira juntam-se a outros quatro municípios do distrito de Viana do Castelo, integrados na lista de municípios de risco elevado, os concelhos de Viana do Castelo, Caminha, Paredes de Coura e Ponte de Lima.
Na quinta-feira, o Governo atualizou a lista que passa de 121 para 191 municípios sujeitos a medidas mais restritivas como o recolher obrigatório, nomeadamente ao fim de semana, a partir das 13:00, incluindo Arcos de Valdevez, também no Alto Minho.