Quinta-feira, Dezembro 26, 2024

Ano 115- Nº 4979

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Aguiar-Branco: “Os ministros já não são políticos, são funcionários da política”

O antigo ministro José Pedro Aguiar-Branco afirmou hoje que um governo liderado por Pedro Nuno Santos será pior do que o atual, e reivindicou para a Aliança Democrática a responsabilidade de restaurar a dignidade no exercício de cargos públicos.
“É este o legado do PS na governação. E pior do que o PS, só mesmo o PS com Pedro Nuno Santos a primeiro-ministro e a Mortágua a ministra das Finanças”, afirmou.
Falando na “Convenção por Portugal”, uma iniciativa da Aliança Democrática (AD), coligação que junta PSD, CDS-PP e PPM, o antigo ministro da Defesa lamentou que “passou a ser necessário o estatuto de arguido para um ministro ou secretário de Estado apresentar a demissão, tudo o resto é aceitável”, e defendeu que “não há política sem responsabilidade”.
Aguiar-Branco considerou também que é “responsabilidade da AD restaurar, pelo exemplo, a dignidade no exercício dos cargos públicos e promover o respeito pelas instituições de soberania”.
O social-democrata afirmou que os “ministros já não são políticos, nem querem ser, são funcionários da política”.
“Ao invés de procuradores dos cidadãos, função de um governante, temos mandatários dos serviços, das corporações ou dos pequenos interesses”, afirmou o antigo líder parlamentar.
José Pedro Aguiar-Branco apontou que os “ministros, que deviam ser os primeiros a exigir responsabilidades e responsabilidade do Estado, tornaram-se porta-vozes da administração”.
“São super diretores-gerais que servem para explicar que está tudo bem, que o país está ótimo, que as pessoas é que estão a ver mal o problema, num círculo vicioso que começa exatamente por quem devia dar o exemplo”, defendeu, alertando que, “quando um ministro se desresponsabiliza, o secretário de Estado também o vai fazer”.
O antigo ministro da Defesa e da Justiça criticou que atualmente se dê muita atenção aos “casos do dia, à manchete da semana”, e fala-se da “política para política, como se fosse um jogo, como se fossem claques”.
“O país gastou mais tempo a discutir o género das casas de banho do que orçamento do Ministério da Defesa”, e “gastou mais tempo a discutir uma possível, eventual e hipotética renacionalização dos CTT do que o tempo médio dos processos judicias num tribunal, do que as avaliações das carreiras dos magistrados no Ministério Público ou do acesso à justiça”, criticou.
O cabeça de lista da AD pelo círculo de Viana do Castelo lamentou também que “mais depressa um ministro assina um cheque para as despesas de uma companhia aérea do que para pagar o suplemento de risco dos polícias”.
Ao longo da tarde sucederam-se várias intervenções.
Ana Paula Martins, ex-bastonária do Ordem dos Farmacêuticos, considerou que “não há plano” na saúde e o país anda “à deriva”, defendendo o acesso ao setor privado e social.
A candidata por Lisboa disse que isto é possível a “custos comportáveis e sustentáveis” e “com as tais contas certas”, que no Serviço Nacional de Saúde “não têm nada de certas”.
“A AD tem o dever e tem de assumir a obrigação de nos 50 anos da democracia não aceitar um Serviço Nacional de Saúde só para os pobres. A AD tem de ser o governo que não tem medo dos profissionais de saúde e não quer governamentalizar e perseguir as ordens profissionais”, defendeu Ana Paula Martins.
De seguida, o cabeça de lista por Santarém, Eduardo Oliveira e Sousa, defendeu mais investimento “no coração de Portugal”, ou seja, o mundo rural.
Apontando que o país “não tem conseguido definir uma visão de futuro”, o ex-presidente da Confederação dos Agricultores disse ter a promessa do líder do PSD de que, “quando for primeiro-ministro, as florestas vão voltar para o Ministério da Agricultura, de onde nunca deviam ter saído”.
Já Rita Júdice, primeira candidata a deputada pelo círculo de Coimbra, alertou que “Portugal não pode dar-se ao luxo de perder mais quatro anos”, defendendo que o “PSD já deu várias provas da sua capacidade de fazer, ser agente de mudança e fazer o país crescer”.
A convenção da AD decorre hoje o dia todo no Centro de Congressos do Estoril. No palco, em tons de laranja e azul, está a inscrição “Acreditar na Mudança” e grande parte dos participantes têm colado na lapela um autocolante da coligação com as mesmas cores.

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