Segunda-feira, Setembro 23, 2024

Ano 113 - Nº 4892

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Alta velocidade em bitola ibérica é essencial na ligação a Espanha – IP

O vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP) Carlos Fernandes insistiu hoje que a construção da nova linha de alta velocidade em bitola ibérica é essencial na ligação a Espanha e que coincide com a restante rede ferroviária nacional.
Durante uma exposição intitulada “Situação da Ferrovia nos Planos Nacionais de Investimento PNI2020 e PNI2030”, Carlos Fernandes registou que a rede ferroviária dedicada ao transporte de mercadorias em Espanha utiliza, em grande parte, a bitola ibérica, com apenas algumas ligações a França a recorrerem à bitola europeia.
Num “encontro sobre as perspetivas do desenvolvimento da ferrovia nacional – dos planos à concretização”, na Sociedade de Geografia de Lisboa, Carlos Fernandes fez uma contextualização e uma apresentação sobre a situação dos PNI2020 e PNI2030, bem como sobre a previsão da linha de alta velocidade.
O vice-presidente da IP defendeu que o planeamento feito por Portugal para a incorporação da linha de alta velocidade “não é nenhuma invenção, é rigorosamente o que existe em todos os países europeus”.
“O Governo português tem dito é que Portugal está disponível para fazer a migração quando duas situações estiverem cumpridas: uma, deixem-nos acabar a linha – ou seja, enquanto só tivemos uma parte da linha, umas fases da linha, não faz sentido mudar, porque depois temos aqui um problema muito complicado de resolver – e dois, quando houver planos oficiais e efetivos de ligar a bitola europeia às nossas fronteiras”, considerou.
Para o vice-presidente da IP, se Portugal fizesse uma ligação entre Porto e Vigo em bitola europeia “chegava à fronteira e não entrava”.
Segundo Carlos Fernandes, o Governo espanhol já foi questionado sobre os objetivos de migração e o que foi transmitido a Portugal e Bruxelas “foi que não há condições de migrar o troço entre Vigo e Corunha, porque aquela linha de alta velocidade é utilizada também por muitos tráfegos regionais da Galiza”.
“Ou migrava a rede toda da Galiza – o que não é possível –, ou aquele eixo nunca vai ser migrado, e não vai. Só faz sentido, quando houver, um dia, planos de Espanha para migrar isso, que Portugal migre também”, acrescentou.
A nível nacional, defendeu que a criação de uma linha de alta velocidade com bitola ibérica permite que qualquer comboio possa utilizá-la, sem provocar constrangimentos com incompatibilidades e assinalou que qualquer mudança terá de partir, primeiro, de Espanha.
“A bitola europeia está em França e tem de vir de França para Espanha e de Espanha para Portugal, nunca pode ser ao contrário”, apontou, dizendo que estas mudanças estão dependentes de acordos, dando o exemplo da eletrificação da linha da Beira Alta.
Por agora, apontou a necessidade de conectar as mercadorias portuguesas a Espanha pela ferrovia, uma vez que 80% do volume é para esse país.
De acordo com Carlos Fernandes, a diferença de custos na aquisição é “absolutamente residual”.
“Os mesmos fabricantes que fabricam em bitola europeia fabricam em bitola ibérica”, referiu.
Ainda assim, referiu que caso seja preciso alterar a configuração em Portugal não deverá haver problemas.
“No dia em que for preciso mudar, isto tem um custo de 100.000 euros por quilometro”, apontou, dizendo que é algo “que tem uma produtividade elevada” e que teria constrangimentos diminuídos.
A alternativa caso a infraestrutura incorporasse características da bitola europeia será a instalação de cambiadores, “que custam 10 ou 15 milhões de euros”.
A linha de alta velocidade deverá ligar as duas principais cidades do país em cerca de uma hora e 15 minutos, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria.
A primeira fase (Porto – Soure) deverá estar pronta em 2030, com possibilidade de ligação à Linha do Norte e encurtando de imediato o tempo de viagem, estando previsto que a segunda fase (Soure – Carregado) se complete em 2032, com ligação a Lisboa posteriormente, mas assegurada via quadruplicação da Linha do Norte.
Prevê-se a realização de 60 serviços por dia e por sentido, dos quais 17 serão diretos, nove com paragens nas cidades intermédias (Leiria, Coimbra, Aveiro e Gaia), e 34 serviços mistos (com ligação à rede convencional).
O projeto prevê transportar 16 milhões de passageiros por ano na nova linha e na Linha do Norte, dos quais cerca de um milhão que atualmente fazem aquela viagem de avião.
Paralelamente, está também a ser projetada a ligação do Porto a Vigo, na Galiza (Espanha), com estações no aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga e Valença (distrito de Viana do Castelo).

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