Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Ano 115- Nº 4976

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InícioOPINIÃOBater no ceguinho....

Bater no ceguinho….

As duas cartas da ONU de Guterres

Não fiquei surpreendido com as palavras de António Guterres nesta mais recente sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Com elas, Guterres limitou-se a fazer o que é mais simples: bater no ceguinho, como usa dizer-se. Um pouco como um arguente que, certo da valia do doutorando, se vê compelido a também lhe dar uma bola negra, dado que quase todos o haviam já indiciado. De um modo simples: António Guterres fez o mais simples, que foi bater no ceguinho.

HÉLIO BERNARDO LOPES

Diferente teria sido a situação se o Secretário-Geral das Nações Unidas tivesse chamado a atenção para que as violações da Carta das Nações Unidas são inaceitáveis, seja desta vez, com a invasão da Federação Russa sobre a Ucrânia, seja dos Estados Unidos na Guerra do Iraque, ou no Afeganistão, ou em Granada, ou no Vietname, entre tantos outros casos. De resto, a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas estava ao dobro da distância de Guterres a Lavrov.
António Guterres, objetivamente, não precisou de um ínfimo de coragem, porque esta só lhe seria necessária se
fosse para criticar, à luz da Carta das Nações Unidas, os Estados Unidos, ou o Reino Unido, ou Israel, por exemplo. Simplesmente, Guterres nunca irá por aí. É que as Nações Unidas não são uma estrutura independente dos Estados Unidos, para o que basta olhar, entre tantos outros casos, a recusa de agora dos Estados Unidos em conceder vistos de entrada (nas Nações Unidas) aos jornalistas que iriam cobrir as intervenções de Sergei Lavrov.
O prolongamento, de facto, da censura instituída em Portugal e na União Europeia à RT e à Sputnik. A este propósito, convém chamar aqui a atenção para as palavras de José Azeredo Lopes ao início da noite de hoje, com Júlio Magalhães: referiu que presidências do Conselho de Segurança já existiram com Estados diversos – membros permanentes – e num tempo em que estes estavam a violar a Carta das Nações Unidas. E lego salientou: e nem vale a pena dizer quem foram esses Estados… É fabuloso constatar como O SORRISO DO JAGUAR continua a meter medo a tanta gente. O próprio Papa Francisco, depois de expor que a aproximação da fronteira da OTAN à da Federação Russa talvez tivesse levado a esta invasão, de pronto passou ao silêncio, impiedosamente atacado por Stoltenberg. E o mesmo se repetiu agora com o Presidente Luís Inácio Lula da Silva: depois de expor a verdade, e que é a sua verdade, lá teve que embraiar a marcha-atrás.
O que António Guterres hoje fez foi, afinal, um isomorfismo do que se passou com o Tribunal Penal Internacional, que nunca encontrou nos Estados Unidos, Reino Unido, Israel, França e outros Estados ocidentais razões para que alguém seja pronunciado. Ou antes, a anterior procuradora achou o caminho para seguir em frente – era gambiana –, mas o atual – britânico – mandou logo arquivar o caso. Bom, não eram russos, chineses, cubanos ou não ocidentais. Indubitavelmente, António Guterres limitou-se a fazer o simples, que foi bater no ceguinho.
Recordando velhos instrumentos da Física-Matemática, seguiu o gradiente…

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