
Sem um ínfimo de estranheza, Leão XIV, perante o mais recente crime de Israel, agora contra o principal templo católico do Estado da Palestina, lá fez ouvir a sua voz, lamentando o sofrimento dos atingidos por este mais recente crime militar de Israel. É caso para que digamos, e com voz bem alta: até que enfim!!
Há muito nos chegam, e a um ritmo diário, os horrorosos e bárbaros crimes de Israel contra o povo palestino, tudo saldado em cerca de 57 000 mortos, 23 000 desaparecidos e perto de 130 000 feridos. Ou seja, e só olhando os mortos: 80 000 mortos, dado que os desaparecidos deverão estar, na sua enorme maioria, sob os escombros do edificado destruído por Israel. E a tudo isto há que adicionar a baixa esperança de vida dos jovens ainda vivos e com idade pequena. Um verdadeiro terror, só comparável aos atos praticados pelos nazis sobre as suas vítimas durante a Segunda Guerra Mundial, fossem judeus, ciganos, deficientes, comunistas, socialistas, social-democratas, etc..
Infelizmente, desta vez Leão XIV reagiu na hora, depois deste ataque à mais importante igreja católica do Estado da Palestina, porque quando as mortes se sucedem às dezenas, por vezes às centenas, mas sobre muçulmanos, Leão XIV raramente surge a terreiro. E quando o faz, é para se referir às vítimas das guerras…
Estou em crer que Leão XIV não se dará conta desta realidade simples e muito evidente: os que continuam, de algum modo, ligados ao magistério da Igreja Católica Romana, mesmo calando e consentindo, repudiam, no seu íntimo, este tipo de comportamento do seu Papa, para quem, afinal, quando as mortes da guerra atingem os católicos, logo se faz ouvir, mas raramente indo por aqui quando morrem, às pazadas, muçulmanos, vítimas de um Estado que há décadas não cumpre o determinado pelas Nações Unidas. É por via deste tipo de comportamento que Francisco foi levado a dizer ao espanhol Manuel Sans Segarra: como é que você enche teatros com 2000 e 3000 pessoas e nós temos as missas vazias?! Pois, a resposta é simples: as populações vão-se dando conta das mil e uma incongruências da Igreja Católica Romana em face do que se vê hoje no mundo…
Por fim, uma nota de grande oportunidade: Leão XIV nem se determina a sair em defesa de Francesca Albanese, funcionária superior das Nações Unidas, quando esta é atacada e ameaçada pelos Estados Unidos por simplesmente apontar Israel pelos crimes, de guerra e contra a Humanidade, que vem praticando desde há muitas décadas, com acuidade rapidamente crescente nestes últimos tempos. Sejamos, pois, sinceros: um católico capaz não pode aceitar do seu Papa uma tal atitude seletiva em face da prática do mal.