Segunda-feira, Setembro 23, 2024

Ano 113 - Nº 4892

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Já não consigo ficar espantado

Pelo final da tarde deste domingo, tendo-me deitado a visionar a CNN Portugal, fui encontrar uma curta entrevista de Luís Varela de Almeida a Joana Brandão, Diretora Nacional Portugal com ACNUR, estrutura esta que foi em tempos liderada por António Guterres. Bom, verdadeiramente, já não consegui ficar espantado com as respostas da entrevistada, desta vez confrontada com questões muito objetivas e muitíssimo bem colocadas pelo jornalista.
A jovem foi incapaz de reconhecer que existe uma diferença de atitude racial por parte da classe política europeia perante a religião, a cor da pela e os traços culturais dos que procuram fugir para o espaço da União Europeia. Uma realidade logo identificada desde o início da grande batalha da Ucrânia, até por José Pacheco Pereira n’O PRINCÌPIO DA INCERTEZA. Depois de ter tentado levar a resposta para o problema de que cada caso é um caso e todos devem merecer a mesma atitude, lá voltou a recusar responder à insistência de Luís Varela de Almeida, sobre se a resposta europeia não era distinta no caso dos ucranianos dos oriundos de outras paragens, mormente da Síria. E logo depois se mostrou também incapaz de assumir uma opinião ao redor do que está a passar-se no Reino Unido, e que se constitui numa autêntica violação de Direitos Humanos.
Este caso, ora passado com Joana Brandão, não é único e é, por acaso, muito típico de grandes franjas de muitas classes profissionais, como é o caso, entre outras, da dos jornalistas. Basta recordar, por exemplo, o que se passou no diálogo do Papa Francisco com os jornalistas na viagem de regresso ao Vaticano, no passado 06 de agosto. Como pude já referir num outro texto, continuar a malhar no tema dos abusos sexuais é completamente inútil, mormente ali, naquele diálogo. Depois das perguntas, a resposta, de conteúdo nulo, mas sempre eficaz, dadas as circunstâncias.
Como escrevi há dias, bem poderiam os jornalistas ter questionado o Papa Francisco sobre a situação dos LEGIONÁRIOS DE CRISTO, tema que foi exposto aos portugueses por um dos nossos canais televisivos em certo documentário curto, em pleno noticiário da noite. Um tema sobre que nunca mais se falou e muito menos averiguou, ao menos no domínio jornalístico.
Ora, a viagem de regresso de Francisco ao Vaticano teve lugar a 06 de agosto, data que marcava 78 anos passados sobre o ataque nuclear dos Estados Unidos a Hiroxima. Seria de grande oportunidade pedir ao Papa que se assumisse perante este ato militar: foi um crime ou não; e devem os Estados Unidos pedir perdão pelos bombardeamentos operados sobre as duas cidades japonesas? Teria sido interessante perceber se o Papa Francisco, como em tempos escreveu o padre Felicidade Alves, seria ali capaz de falar claro, ou se se ficaria como agora se pôde ver com a entrevista de Joana Brandão.
Finalmente, também neste domingo o Papa Francisco se referiu à mais recente hecatombe humana no Mediterrânio, mas faltando-lhe, como normalmente, a indicação de que existem culpados na classe política europeia, aproveitando para pedir para africanos em fuga, ou muçulmanos em tal situação, um tratamento como o que vem sendo dado aos ucranianos. De resto, eu já nem espero do Papa Francisco a máxima clareza, que seria reconhecer que a grande batalha da Ucrânia constitui, de facto, uma guerra entre os Estados Unidos e a Federação Russa, fruto do que Francisco um dia lá conseguiu, muito e medo, balbuciar: a aproximação da OTAN às fronteiras da Federação Russa. Mas, enfim, já pouco me consegue impressionar.

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