
O historiador e programador Jean Loup Passek, “português de coração”, é homenageado na terça-feira no festival de cinema La Rochelle, França, com um documentário assinado pelo realizador português José Vieira.
“O Homem do Cinema”, que tem estreia mundial na terça-feira, “presta tributo a uma personalidade que deixou marca indelével na história da sétima arte e que encontrou em Portugal a sua segunda pátria”, refere a produtora Fora de Campo Filmes em nota de imprensa.
O documentário é exibido no festival que Jean Loup Passek cofundou e dirigiu entre 1973 e 2001 e remete para o Museu de Cinema de Melgaço (Viana do Castelo), do qual foi grande impulsionador, assente numa doação do espólio cinematográfico pessoal.
Em “O Homem do Cinema”, José Vieira “resgata a memória de Passek – crítico, programador, editor e promotor cultural –, cujo espólio inclui mais de cem mil fotografias, milhares de cartazes, livros raros e equipamentos únicos do pré-cinema”.
O Museu de Cinema Jean Loup Passek foi inaugurado em 2005 – cumpre agora duas décadas – na zona histórica de Melgaço e acolhe o espólio colecionado pelo historiador e programador ao longo da vida, nomeadamente cartazes, fotografias, objetos e aparelhos do tempo do cinema mudo.
Em Melgaço, Jean Loup Passek dá ainda o nome aos prémios do MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço, organizado pela Associação Ao Norte e pela autarquia.
Jean Loup Passek morreu em dezembro de 2016, aos 80 anos, meses depois de ter recebido uma medalha de mérito cultural do Governo português e de ter sido homenageado com o título honorífico de Cidadão de Honra de Melgaço.
De acordo com o festival de Melgaço, foi nos anos 1970, quando fazia um documentário sobre emigração, que Jean-Loup Passek entrou em contacto com a comunidade portuguesa em França, nomeadamente dois habitantes do concelho de Melgaço “com quem viria a estabelecer laços de profunda amizade”.
“O Homem do Cinema”, produzido pela Fora de Campo Filmes, junta-se a uma filmografia de José Vieira dedicada à emigração, em particular a portuguesa em França, onde o realizador vive desde os anos 1960.
Oriundo da vila de Oliveira de Frades (Viseu), José Vieira chegou ao bairro de lata de Massy, nos arredores de Paris, em 1965, e aí ficou cinco anos. Voltaria a reencontrar o mesmo tipo de barracas no mesmo local, quase meio século depois, ocupadas por imigrantes romenos, quando filmou “Souvenirs d’un Futur Radieux” (2014).
É autor, entre outros, de “Weekend en Tosmanie” (1985), “Drôle de Mai” (2008), “Le pays où on ne revient jamais”(2005), “A Primavera do Exílio” (2011), “O pão que o diabo amassou” (2012) e “A ilha dos ausentes” (2016).
Na programação do Festival La Rochelle, que termina no sábado, foram ainda incluídos os filmes “On Falling”, de Laura Carreira, e “O riso e a faca”, de Pedro Pinho