Sábado, Agosto 2, 2025
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OPINIÃO | Teve sorte João Oliveira com a coragem de Marta Temido

Há muito perdi um ínfimo de consideração política por António Costa. Sobretudo, por via da sua quase inútil presença à frente do Conselho Europeu. Objetivamente, quase não é visto, e quando se lhe escutam palavras o resultado é imensamente pior do que um sabor agridoce. E foi o que ontem se deu no Parlamento Europeu, com as lamentáveis considerações que teve para as mais do que justas palavras do eurodeputado João Oliveira.

Ficou patente neste diálogo que António Costa atua à luz de uma espécie de cassete, e apenas nas raras vezes em que de si se consegue escutar algo para lá de meros salamaleques de circunstância, naturalmente sem um ínfimo de consequências eficazes. Perante a fortíssima realidade contida nas palavras do eurodeputado João Oliveira, e de que já quase todos os portugueses se deram contam, António Costa deitou mão de uma atitude de mero populismo. Embora com uma energia sonora bem mais baixa, o que disse bem poderia ter sido operado por André Ventura. Mero populismo.

A verdade é que esta falta de objetividade e de coragem de António Costa, sem que nunca se tenha determinado a expor uma só palavra sobre o que esteve na base da invasão da Ucrânia, logo foi colmatada por uma nossa eurodeputada, desde sempre marcada por grande competência, excelente moral e boa ética, mas também por coragem e clareza política. Refiro-me a Marta Temido.

Usando da palavra, Marta Temido expôs ali, com clareza, o modo como as instituições europeias praticam dois pesos e duas medidas na apreciação do que vai pelo mundo. Se num ataque russo à Ucrânia morrem sete ucranianos, aí está logo um horror! Em contrapartida, se ao longo de semanas Israel assassina, diariamente, entre 70 e 120 palestinos, tal se fica apenas por algo muito desagradável. Diz-se depois que as coisas terão de ser analisadas, mas o que continua é o número vasto de mortos palestinos, e tudo, sempre, com António Costa a mostrar-se como agora se pôde ver nas suas lamentáveis palavras para com o eurodeputado João Oliveira.

Convém agora que Marta Temido vá ainda mais longe do que já conseguiu e que perceba que este completo desinteresse das instituições europeias para com os crimes de guerra, de genocídio e contra a Humanidade por parte de Israel é global em todo o Ocidente. Até Leão XIV pouco fala dos crimes de Israel sobre o povo palestino, sabendo (e muitíssimo bem!) o que foi o silêncio, estrondoso e cúmplice, de Pio XII, ao tempo da Segunda Guerra Mundial. Lá está a tal conversa do meu antigo professor de Religião e Moral, ao tempo do meu Terceiro Ciclo: nós podemos dizer dos judeus muita coisa, mas uma coisa é certa, eles sabem a doutrina, ao passo que os católicos não. Como já escrevi sobre esta conversa, o que pretendia ele dizer com a expressão nós podemos dizer dos judeus muita coisa?

Foi para mim deveras desagradável voltar a confirmar (e de que modo!) a tremenda falta de qualidade e de coragem política de António Costa, já agora como Presidente do Conselho Europeu. Uma mui desagradável desilusão, que já ultrapassou as piores previsões. E percebe agora o leitor a verdadeira causa de se ter mantido no poder o regime constitucional da II República? Hoje temos a democracia e os partidos, mas faltam-nos, infelizmente, POLÍTICOS.

 

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