
As Jornadas Europeias de Arqueologia (JEA) começam sábado com um programa nacional de dezenas de atividades, desde visitas a espetáculos e debates, prolongando-se até ao final de junho para celebrar a diversidade biológica e cultural da humanidade.
Em Portugal, a iniciativa europeia – que envolve 47 países – arranca às 15:00, com uma visita guiada ao Laboratório de Arqueociências (LARC), em Lisboa, seguida de um espetáculo dirigido ao público jovem, sobre a descoberta do “Menino do Lapedo”, segundo o instituto público Património Cultural, que coordena as JEA a nível nacional.
O espetáculo recria a história do esqueleto de uma criança do Paleolítico Superior, com cerca de 29.000 anos, descoberto no Abrigo do Lagar Velho, em Leiria, em 1998, e classificado como Tesouro Nacional desde 2021.
Esta descoberta do menino de 4 anos sepultado tornou-se emblemática na arqueologia portuguesa pela sua raridade, valor científico e contributo para o conhecimento das origens humanas, porque terá nascido de espécies humanas diferentes.
Sob o mote “O mundo inteiro em cada um de nós!”, a edição deste ano das JEA, com entrada livre, decorre até 28 de junho e tem como objetivo reforçar a ideia de que a humanidade é o resultado de milénios de intercâmbio genético, cultural e técnico, indica o comunicado de imprensa do Património Cultural.
A entidade criou uma plataforma ‘online’ com a programação atualizada das atividades previstas em todo o território, com visitas guiadas, oficinas, exposições, reconstituições históricas, colóquios e atividades para escolas.
Os programas locais são promovidos não só pelos serviços do Património Cultural, mas também por autarquias, associações culturais, museus, centros de investigação e outras entidades públicas e privadas ligadas à arqueologia e património.
A nível nacional, estão previstas iniciativas em vários dos espaços tutelados pelo Património Cultural, incluindo o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (Coimbra), o Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (Lisboa) e importantes sítios arqueológicos como Tongobriga (Marco de Canaveses), Citânia de Santa Luzia (Viana do Castelo), Santuário Rupestre de Panóias (Vila Real), Miróbriga (Santiago do Cacém) e a Gruta do Escoural (Montemor-o-Novo).
Todas as atividades são de participação gratuita, mas exigem inscrição prévia, e a maior parte do programa foi planeada para decorrer aos fins de semana, promovendo a participação de famílias e visitantes em contexto de lazer, segundo o comunicado.
O encerramento das Jornadas está marcado para 28 de junho, na Gruta do Escoural, considerado um dos mais significativos testemunhos da ocupação humana em território português.
Intitulada “Há um Escoural em cada um de nós”, a iniciativa convida o público a explorar um local que serviu como abrigo para comunidades do Paleolítico Médio, espaço de expressão artística no Paleolítico Superior e necrópole durante o Neolítico.
A jornada final culminará com uma conversa pública na Junta de Freguesia de Santiago do Escoural, onde serão partilhadas as mais recentes investigações arqueológicas relacionadas com o sítio, leituras sobre este lugar que reúne “camadas de tempo, memória e identidade”.
As JEA são uma iniciativa de âmbito europeu, coordenada internacionalmente pelo Institut National de Recherches Archéologiques Préventives (INRAP), em França, criada com o propósito de reforçar a sensibilização da sociedade civil sobre a importância do património arqueológico e a necessidade da sua proteção.
Ao dar visibilidade às práticas e investigações arqueológicas, as JEA 2025 pretendem “evidenciar o valor da arqueologia como ferramenta de compreensão do presente, através do estudo do passado”, sublinha a organização.
Em tempos marcados por conflitos e divisões, a edição deste ano faz da diversidade o seu tema central, recordando que “a história da humanidade é, acima de tudo, uma história de encontros, trocas e partilhas”.