A Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores divulgou hoje alguns dos procedimentos que os vigilantes devem adotar na época balnear face à pandemia, como privilegiar o salvamento “sem entrar na água” ou abordar o náufrago pelas costas.
“Ainda não saiu a recomendação internacional para os nadadores-salvadores com as medidas de prevenção e, em Portugal, fizemos sair uma medida de prevenção nacional”, adiantou à Lusa o presidente da federação, Alexandre Tadeia.
Segundo o responsável, tratam-se de “questões muito técnicas” relacionadas com o salvamento, em que, por exemplo, o nadador-salvador deve “tentar salvar sem entrar na água, utilizando equipamentos”, como forma de prevenção do contágio da covid-19.
“Se tiverem mesmo que entrar na água por força da situação, devem utilizar um equipamento que os mantenha à distância, como uma boia torpedo ou um cinto de salvamento, que têm um cabo de dois metros e permite ficar a, pelo menos, dois metros do náufrago”, indicou.
No entanto, em caso de necessidade ou se a pessoa já estiver inconsciente, deve-se “abordar o náufrago pelas costas e nunca pela frente”.
“Enquanto o primeiro nadador está a fazer o salvamento, o segundo, que está fora de água, deve equipar-se com os equipamentos de proteção individual (luvas, máscara e viseira) e depois é ele que fará o transporte da pessoa sempre pelas costas e fará cá fora o resto do socorro”, explicou.
Neste sentido, o presidente esclareceu que o nadador-salvador “não tem de estar sempre com máscara” e nunca o fará dentro de água porque “não é possível e não há máscaras específicas para essa situação”.
“Quando está em vigilância, a patrulhar ou a dar conselhos a banhistas, desde que mantenha um distanciamento físico, não necessita de usar máscara. Agora quando está a prestar primeiros socorros, aí tem que usar esses equipamentos”, apontou.
A época balnear começa no próximo sábado, mas a federação continua “no mesmo ponto de situação que estava há duas semanas”, sem saber se há nadadores-salvadores suficientes para assegurar a vigilância em todo o país.
“Ainda não temos a certeza se vamos ter pessoas disponíveis. Só com a abertura da época balnear é que vamos ter essa noção”, mencionou.
Desde abril, a federação tem vindo a alertar que poderão faltar cerca de 1.500 a 2.000 nadadores-salvadores para a próxima época balnear, porque os cursos foram interrompidos com a declaração do estado de emergência e “apenas 50% dos nadadores-salvadores voltam a trabalhar na época seguinte”.
Para contrariar esta tendência, Alexandre Tadeia tem defendido a implementação de incentivos fiscais e sociais, mas até ao momento o Governo ainda não tomou uma decisão, segundo o responsável.
As propostas passam por isenção de IRS, IVA, de taxas moderadoras ou de propinas, um regime especial de contratação ou uma alteração nos dispositivos de segurança, com redução do número de vigilantes.
Alexandre Tadeia também alertou hoje para o aumento do número de mortes por afogamento, que “ainda está a subir”, registando desde o início do ano 52 mortes, mais 21 do que no mesmo período do ano passado.
A época balnear inicia-se no sábado e, segundo as recomendações do Governo, os utentes das praias devem assegurar um distanciamento físico de 1,5 metros entre diferentes grupos e afastamento de três metros entre chapéus-de-sol, toldos ou colmos.