Sábado, Agosto 2, 2025
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NOBEL DA PAZ A LAMENTÁVEL TRETA DO NOBEL DA PAZ

Como usualmente, lá fui encontrar no blogue DUAS OU TRÊS COISAS, de Francisco Seixas da Costa, este seu post recente:

Nobel

É de facto uma imensa honra para Trump ser proposto para Prémio Nobel da Paz por iniciativa de alguém que é acusado de crimes de guerra e contra a humanidade.”

Bom, a verdade é que esta inacreditável proposta é mesmo uma realidade. É mais uma das inacreditáveis e sucessivas idiotices do tempo que passa. E depois, trata-se de uma idiotice sobre que a enorme intelectualidade europeia nada diz. Basta olhar, por exemplo, o silêncio dos nossos intelectuais, mas por igual da nossa fraquíssima classe política.

Acontece que estas considerações do nosso embaixador apenas pecam por defeito, porque para lá de crimes de guerra e contra a humanidade, Netanyahu é também alvo de três processos-crime em Israel por suspeita de corrupção. Embora, ao que agora nos chega das ditas democracias ocidentais, o seu amigo Trump tenha exigido da Justiça de Israel que se parem estes três processos a decorrerem no seu seio. Bom, a verdade é que o tribunal, para já, suspendeu a respetiva tramitação, o que para mim simplesmente mostra que o julgamento em causa nunca virá a ter lugar. Lá está: estamos no Ocidente, onde nos é contado que existe a tal separação dos poderes…

Ora, Francisco Seixas da Costa, talvez uns dias depois, colocou no seu blogue este seu novo post:

Paz

Se o Comité Nobel tivesse coragem e dignidade, esta senhora, que não fechou os olhos à chacina em Gaza, era nomeada Prémio Nobel da Paz.”

A senhora aqui referida é Francesca Albanese, que há dias salientou que claramente, para alguns o genocídio é lucrativo. Uma evidentíssima verdade exposta na sede europeia das Nações Unidas em Genebra, logo após ter apresentado perante o Conselho de Direitos Humanos um relatório a expor as forças empresariais por detrás da destruição da Palestina.

Infelizmente, coragem é o que falta ao Comité Nobel, tal como à generalidade da classe política europeia. No mínimo. E explicou as razões desta sua tomada de posição: nos últimos 21 meses, enquanto o genocídio de Israel devastou vidas e paisagens palestinianas, a bolsa de valores de Telavive disparou 213%, acumulando 225,7 mil milhões de dólares [cerca de 191 mil milhões de euros, ao câmbio atual] em ganhos de mercado – incluindo 67,8 mil milhões de dólares [perto de 58 mil milhões de euros] só no mês passado. Um mimo, caro leitor, perante o qual os nossos tão indefetíveis europeístas fingem nada ver. E logo a começar pelas altas lideranças: António Costa, Ursula von der Leyden e Caja Callas. Ou antes, eles até conseguem dizer alguma coisita, mas só sobre os malefícios da ação russa na Ucrânia… E se por aqui a coisa é esta, por Portugal a realidade é semelhante, com o lamentável nim do PS sobre o reconhecimento do Estado da Palestina. Outro mimo, ou seja, o complementar do anterior.

Francesca Albanese continuou a apontar esta realidade, salientando: a infraestrutura empresarial lucra com a economia de ocupação de Israel e a sua transformação mortal numa economia de genocídio. E identifica 48 agentes empresariais distintos, juntamente com as suas empresas-mãe, subsidiárias, franchisados, licenciados e parceiros de consórcio em vários setores, incluindo fabricantes de armas, empresas tecnológicas, instituições financeiras e empresas de construção e energia. É o terceiro excelente mimo.

Mas Francisca Albanese vai ainda mais longe, denunciando o fracasso das empresas internacionais e dos sistemas jurídicos em defender até mesmo os direitos mais básicos de um dos povos mais despossuídos do mundo”, acabando mesmo por acusar os atores empresariais de estarem profundamente ligados ao sistema de ocupação, ‘apartheid’ e genocídio nos territórios palestinianos ocupados. Ora, como o leitor facilmente se poderá dar conta, expor estas realidades nunca poderá conduzir a que alguém proponha Francesca Albanese para receber o Nobel da Paz. Nem sequer surge quem a defenda da perseguição diversa já em curso pelo poder político nos Estados Unidos!

À luz desta manifestação de coragem moral, Francesca Albaneses logo completa: estes atores entrincheiraram e expandiram a lógica colonial de colonos de Israel de deslocamento e substituição, e isso não é acidental – é a função de uma economia construída para dominar, desapropriar e apagar os palestinianos das suas terras.

Por fim, a Amnistia Internacional. Bom, veio agora garantir ter provas de que Israel continua a usar a fome como arma de guerra, visando o genocídio dos palestinianos em Gaza, acusações que Telavive contesta, afirmando que a organização uniu forças com o Hamas. E logo se junta: enquanto os olhos do mundo estavam voltados para as recentes hostilidades entre Israel e o Irão, o genocídio de Israel continuou inabalável em Gaza.

O que tudo isto mostra, para mim, é que o Nobel da Paz é, de um modo muito geral, uma treta. A grande verdade é a que diariamente nos chega, apesar da censura de Israel: a classe política da União Europeia, de um modo muitíssimo geral, nada diz sobre estes fantásticos crimes de Israel, claramente próximos dos praticados pelos nazis na Alemanha de Hitler. Uma realidade que ficará para a História da Humanidade.

 

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