
Num dia destes, surgiu por aí a notícia de que o PCC está já bem presente em Portugal. Noticiou-se um pouco menos de uma centena, com proporção similar para a trintena, mas já no domínio prisional.
Esta mais recente notícia, objetivamente, nada trouxe de novo, para o que basta recordar, por exemplo, o velho programa da SIC Notícias, CASOS DE POLÍCIA, em que eram residentes Moita Flores, Paquete de Oliveira e Arrobas da Silva. Pois, sempre que as Nações Unidas, ou a Secretaria de Estado dos Estados Unidos, contavam, nos seus relatórios anuais, que Portugal era a porta de entrada de estupefacientes oriundos do subcontinente americano, de imediato o primeiro daqueles, com o seu sotaque alentejano, de pronto assegurava: nã há provas!
A verdade é que a referida prova era dada, simplesmente, pela Geografia. Todavia, foram precisas décadas para se ouvir, pela voz de José Braz, da Polícia Judiciária, que as rotas do subcontinente americano, aos níveis diversos, eram uma natural consequência da Geografia. Os velhos (ditos) especialistas daquele programa, aparentemente, nunca tinham visto uma tal evidência.
Também não custa perceber, num tempo em que o mundo é como hoje se vai podendo ver, que o PCC tenha simplesmente descoberto a realidade que caracteriza a vida em Portugal, com o enfraquecimento geral das estruturas de comando e controlo do Estado entre nós. Como se vai podendo ver, ao dia-a-dia, nada, de facto, funciona. O próprio Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ainda há momentos salientou a necessidade de se evitar a instalação da ideia de que o INEM não funciona quando necessário.
A comunidade brasileira em Portugal é muitíssimo vasta, e naturalmente distante de um qualquer comportamento criminoso. A verdade, claro está, é que tem família no Brasil, pelo que a má imagem do funcionamento da generalidade das nossas instituições, claro está, terá sempre de chegar à global quadrilha do PCC. É difícil não perceber a força de uma tal evidência. No fundo, trata-se de um isomorfismo daquela garantia dada por Moita Flores: objetivamente, estava errada.
Por fim, uma nota simples: os líderes brasileiros do PCC deverão hoje saber que do tal nosso RASI foi retirado um capítulo sobre as estruturas da grande criminalidade associada à Extrema-Direita, e que é parte de uma realidade internacional, ao menos ao nível europeu. E também que o argumento apresentado foi o de não pôr a claro que se está a atuar contra tais estruturas criminosas, pelo que o PCC sabe agora já que tal atuação está a ter lugar!!
Sabemos hoje, pois, que o PCC está já aí e que, como se dizia num histórico anúncio, veio para ficar. Para ficar e para crescer, por aqui e por toda a nossa fabulosa União Europeia dos valores. Mas atenção, caro leitor: este é o momento da gargalhada…