Hoje é dia de dar a notícia que não queríamos dar: faleceu Álvaro de Sousa e Castro.
A três meses de celebrar 102 anos de idade, Álvaro Sousa e Castro faleceu esta manhã em Braga.
Já muito fragilizado, no início da semana deu entrada num lar da cidade de Braga para aí receber cuidados continuados.
Nesta madrugada o seu estado de saúde agravou-se e foi transportado ao hospital daquela cidade, onde acabaria por falecer.
Nascido na freguesia de Arcozelo, em Ponte de Lima, Álvaro Sousa e Castro tinha 12 anos quando rumou daquela freguesia para Viana do Castelo, pela mão de seu pai, que o deixou à confiança de seu irmão Vicente Castro, chefe de Polícia de Segurança Pública de Viana do Castelo.
Por ali trabalhou em vários estabelecimentos comerciais e, na cidade, frequentou a Escola Comercial de Viana o Castelo.
Ali, entre outras aprendizagens, desenvolveu a arte da caligrafia, cujos dotes muitas vezes demonstrou recorrendo a um pedaço de cana e tinta. Gostava especialmente de desenhar as letras góticas e fazia-o com mestria.
Nos tempos em que a tecnologia da escrita não ia para além de uma máquina de escrever, o conhecimento da caligrafia era uma mais-valia que ele manipulava como poucos.
Muitos anos volvidos regressou a Ponte de Lima para “trabalhar ao balcão” no estabelecimento de António Barros, que hoje é ocupado pela Caixa Geral de Depósitos. Mais tarde, iniciou o seu próprio negócio no ramo alimentar, com uma mercearia na Rua Agostinho José Taveira a fazer esquina com o Largo de S. José, onde hoje está estabelecido Baltazar Lima.
Álvaro de Sousa e Castro era um dos últimos comerciantes do início do século passado ainda vivo. Era um senhor de uma brincadeira refinada que demonstrava facilmente no atendimento aos seus clientes.
Aos 36 anos casou-se com Maria Carolina Dantas Soares Guimarães e, após a morte de Avelino Pereira Guimarães, seu sogro, o casal passou a gerir o Jornal Cardeal Saraiva, a Tipografia e Papelaria Guimarães, que eram propriedade da família, situados em pleno Largo de Camões, em Ponte de Lima.
Foi uma dedicação extrema aquela que dedicou a este jornal, quer na sua gestão e produção, quer mesmo em textos escritos nas suas páginas, os quais assinava com as iniciais de seu nome (AdeC).
Álvaro de Sousa e Castro e Maria Carolina Dantas Soares Guimarães, também já falecida, deram continuidade ao legado de Avelino Pereira Guimarães e são, por isso, dois nomes para sempre ligados ao jornal Cardeal Saraiva.
Durante anos o casal foi a face visível desta instituição, hoje com 111 anos de existência, e a ela dedicaram a sua vida.
Hoje o Álvaro deixa-nos com muita saudade. Foi ter com a Carol.
NOTA: O corpo encontra-se em câmara ardente na Igreja da Lapa, em Ponte de Lima, sendo que amanhã, domingo, dia 6, pelas 16 horas, realizar-se-á o cortejo fúnebre para o Cemitério Municipal de Ponte de Lima.