A notícia de hoje, da RTP, pela hora do almoço, ao redor do bispo Ximenes Belo, nada tendo de inovador, também não deixa de nos colocar algo admirados e por igual desagradados.
Claro está que, por enquanto – e tudo deverá ficar por aqui –, tudo não passa de uma notícia, embora suportada em declarações de gente timorense e já com uma idade razoável.
Em todo o caso, terá de esperar-se, provavelmente como nos vão chegando os resultados da nossa comissão de análise sobre os abusos na Igreja Católica em Portugal, e que, como sempre esperei e referi, também se saldará em nada.
Há já hoje um dado que se pode considerar indiscutível e cabalmente consolidado: o problema dos abusos sexuais no seio do clero católico romano é verdadeiramente global, surgido em tempos a perder de vista, e ainda hoje a decorrer.
Uma evidência que resulta da fantástica multidão de casos surgidos por toda a parte, ao mesmo tempo que a enorme maioria dos mesmos se salda em quase nada. Quase com toda a certeza, será isto que irá ter lugar com quanto a tal nossa comissão vier a apurar. E, como se percebe facilmente, esta realidade irá continuar, porque se trata de um problema objetivamente estrutural.
A este propósito, recordo aqui, por exemplo, o histórico caso televisivo sobre os Arautos do Evangelho, cuja análise foi determinada pelo Papa Francisco como indo ser tratada globalmente e sob seu controlo. A verdade é que logo expliquei que a Igreja não poderá receber o impacto de outro caso como o dos Legionários de Cristo. Seria um irreversível enxovalho.
Tive também a oportunidade, há já muito, de chamar a atenção para a possibilidade, que estimo possuir uma probabilidade elevada de poder ocorrer, de, em países do Terceiro Mundo, se poderem operar negócios com pessoas, ou com órgãos seus. Pois, se nos países desenvolvidos é o que se vem sabendo, nos atrasados bem poderão acontecer coisas muitíssimo piores.