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Gonçalo OLiveira Rodrigues é o homem que está à frente do leme na “máquina” das Feiras Novas.
Natural de Caldas da Rainha, Gonçalo Rodrigues, de 44 anos de idade, chegou a Ponte de Lima em 1997 para estudar e por cá ficou. Já lá vão 25 anos desde esse primeiro dia em que pisou terra limiana, rendendo-se ao seu encanto.
Na altura, só não sabia que, volvidos todos estes anos, seria ele quem estaria à frente da maior festa das gentes limianas.
Recorda os primeiros tempos que viveu as Feiras Novas, enquanto estudante, e diz ter ficado “muito fascinado com a componente muito forte ligada ao território. Vi nas Feiras Novas, o que não vi em outras festas”.
Gonçalo Rodrigues diz que sempre procurou aproveitar um pouco de tudo das festas para poder ficar a conhecê-las melhor por dentro. “Sempre aproveitei ao máximo aquilo que as festas tinham para dar”, recorda.
Diz que, num passado recente, e por motivos profissionais, os festejos foram sendo mais esporádicos até que depois entrou para a comissão de festas e passou a gozá-las mais por dentro, sem poder ir a tudo, pois ou estava num lado ou estava no outro.
Hoje, Gonçalo Rodrigues, para além das funções de vereador no Município de Ponte de Lima, preside também à Associação Concelhia das Feiras Novas e sobre si tem depositada a responsabilidade de assegurar que tudo vai correr bem na festa.
Questionado sobre como está a decorrer essa nova experiência Gonçalo diz que este é “um desafio enorme, quer um, quer outro cargo, com as suas dificuldades normais”.
“Não há nada que não se ultrapasse com a colaboração de toda a máquina, nomeadamente nas Feiras Novas, com a comissão e os colaboradores, mas também com o apoio dos colegas do executivo que mais experiência têm na organização das festas”, reforçou Gonçalo Rodrigues.
A edição deste ano das Feiras Novas dá continuidade à tradição, mantendo a matriz do programa com os seus habituais quadros e diversões.
Já o cartaz, que anuncia as festas deste ano, dá um especial relevo aos cantares ao desafio, nomeadamente pela imagem em grande destaque que o cartaz transmite.
Trata-se de uma pintura da autoria de Mário Rocha, onde surge José da Silva Sousa, conhecido como Zé Cachadinha, já falecido, que era um dos mais conhecidos cantadores ao desafio da região.
“O cartaz foi uma opção do artista. Nós desafiámo-lo a fazer uma proposta para o cartaz deste ano e ele decidiu fazer uma homenagem ao Zé Cachadinha”, disse Gonçalo Rodrigues, que garantiu que essa “é uma homenagem justa a uma ilustre figura do concelho de Ponte de Lima, no âmbito cultural, e também a uma pessoa que não podemos nunca dissociar da festa”.
Sendo certo que os cantares ao desafio são um dos quadros mais tradicionais da festa quisemos saber se esta é uma forma de homenagear a arte popular de cantar ao desafio, mas Gonçalo Rodrigues assegura que “todas as festas (Feiras Novas) são uma homenagem aos cantares ao desafio e a todo o conjunto de aspectos culturais e tradicionais que formam a identidade do povo de Ponte de Lima”.
Desafiamos Gonçalo Rodrigues a destacar um quadro das Feiras Novas que julgasse merecer especial destaque, mas foi peremptório ao dizer que “todas as actividades são importantes e todas elas tem espaço naquilo que é o contexto das feiras Novas”.
Mesmo assim, realçou o trabalho que está por detrás do cortejo Etnográfico e toda a participação das freguesias no evento que representa as principais actividades do nosso território.
“Sem o envolvimento dos presidentes de junta e respectivas comunidades seria impossível fazer essa tão bela representação” assegura o autarca.
A arruada de concertinas, o quadro que deu início às festividades, é sempre um quadro muito carregado de tradição, com a enchente de inúmeras concertinas e cantorias a preencher o centro histórico da vila.
Ainda na quinta-feira, Gonçalo Rodrigues destaca a homenagem feita a Zé Cachadinha, desta vez com a apresentação do livro sobre “Uma vida ao desafio”.
Para além da animação nocturna mais voltada para os jovens, e que ocorrerá na Expolima, a juventude estará presente também com a actuação das Tunas.
Trata-se de um dos espectáculos já habituais nas festas, que animarão a noite de sexta-feira, assim como os fados.
O autarca continuou a enumerar o que de principal acontece durante as festas, referindo-se ao concurso pecuário como “uma componente muito forte, ligada ao mundo rural, ao sector pecuário com todas as nossas raças autóctones envolvidas, desde ovinos, equinos, bovinos e até galináceos”.
Também o cortejo histórico é um quadro distinto, mas suas palavras, sendo que este ano é dedicado à fundação de Ponte de Lima.
Um outro quadro, introduzido há alguns anos no programa das festas, é a tourada.
Questionamos Gonçalo Rodrigues se, ao mesmo tempo que há cidades a libertarem-se das touradas, se não seria um contrassenso a sua realização, mas o autarca apelou à liberdade de cada um para escolher aquilo a que pretende assistir.
“As touradas não estão proibidas e cada um toma as opções que deve tomar em consciência”. E acrescenta que “há pessoas que gostam e pessoas que estão manifestamente contra a tourada e, portanto, há espaço para todos. Quem goste vai ter a oportunidade de ver e quem não goste não verá certamente”.
A realização da tourada é inteiramente da responsabilidade da empresa que a realiza. “Nós apenas cedemos o terrado para que eles possam montar a praça amovível e produzam o espectáculo”, assegura Gonçalo Rodrigues.
Questionamos o autarca para saber se a situação irregular da Associação das Feiras Novas já estava ultrapassada.
Gonçalo Rodrigues disse que “os problemas ficaram lá no passado e não tenho que falar sobre eles”. Mas acrescentou que o que herdou “foram algumas situações criadas no passado que tinham a ver com os impostos”.
”Estou a dar seguimento à resolução desse processo para que as Feiras Novas sejam o mais sustentáveis possível”, disse.
Numa festa com as dimensões das Feiras Novas quisemos saber qual o orçamento que está envolvido na sua realização, mas o pedido foi recusado.
“Não vou revelar o orçamento. As contas serão apuradas e reveladas no final no nosso site”, disse Gonçalo Rodrigues, que assegurou que este ano há uma redução dos custos em relação ao ano anterior. “Temos que jogar com aquilo que temos”, confidenciou.
Após dois anos de pandemia, e de afastamento social, quisemos saber se há uma previsão do número de visitantes, mas, apesar de no programa ele apontar para centenas de milhares de visitantes, ao CS o autarca não quis arriscar um número. “Este ano, qualquer previsão que se faça pode facilmente derrapar”, disse.
A razão prende-se com o facto de “haver uma série de eventos municipais, quer no concelho quer nos concelhos vizinhos, que têm sido um sucesso e têm tido uma adesão de multidões enormes”, disse.
“O essencial – remata – é que “venham as pessoas venham por bem, que venham para aproveitar o melhor que as festas têm para lhes dar e que tudo decorra com a melhor segurança possível”.
Por último e em jeito de Gonçalo Rodrigues acredita que os Limianos virão em força porque “a festa também é deles e com a sua presença a festa sairá mais engrandecida”.
“Espero que seja uma festa repleta de actividades, como tem vindo a ser, e que seja um sucesso, porque o povo limiano e o território assim o merece”, finalizou.