Segunda-feira, Setembro 23, 2024

Ano 113 - Nº 4892

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Tentando Salvar Montenegro, Cavaco mata saudade

A mais recente intervenção pública de Cavaco Silva já não constitui algo inesperado. Objetivamente, já todos os interessados e atentos se deram conta de que este tipo de intervenções está aí e para durar. E justifica-se que assim seja, perante o quadro verdadeiramente negro do seu PSD, e de que Aníbal também já há muito se deu conta.
Em primeiro lugar, mesmo as famigeradas sondagens não vêm permitindo sorrisos de satisfação e de esperança.
Em segundo lugar, o surgimento da requentada AD veio mostrar a pobreza a que chegou o PSD, mas por igual os que acabaram por com ele emparceirar. Com cabal falta de criatividade, deitaram mão da longínqua e há muito falecida AD.
Em terceiro lugar, tudo isto acabou por mostrar aquele episódio de tentar esquecer Diogo Freitas do Amaral, substituindo-o por Adelino Amaro da Costa. Enfim, uma evidência forte da presença de alguma reserva mental contra o fundador do CDS.
Em quarto lugar, todo o atabalhoamento ao redor da adoção do nome AD, logo apontado pelos dirigentes do PPM, levando a que mais um partido acabasse por embarcar na requentada iniciativa. Mas…e os Renovadores? Ainda não? Talvez num dia destes…
E, em quinto lugar, o calcanhar de Aquiles em que se constituiu o Chega de André Ventura. Consegue imaginar-se o calafrio de ter escutado, naquela convenção, as citações de Francisco Sá Carneiro referidas por André Ventura… E se o Chega vier a ultrapassar a AD? Ou mesmo a ficar-lhe por pertinho? Enfim, uma aflição.
Por tudo isto, compreende-se mais esta intervenção pública de Aníbal Cavaco Silva. No fundo, ela traduz aflição e saudade. A aflição que resulta de se ter já dado conta de que os portugueses há muito perceberam que o PSD de hoje é o de sempre. É o PSD que nunca aceitou o Serviço Nacional de Saúde, ou que hiperboliza a iniciativa privada no domínio escolar, em face da escola pública – o verdadeiro elevador social –, ou o que defende mudanças – seriam cabais e mortais – no domínio das reformas e das pensões. No fundo, uma outra marca de sempre.
Mas comporta também saudade, que é a dos tempos em que era olhado como quem resolvia problemas ou se colocara na posição cimeira do nosso Sistema Político. Sem olhar a meios, Cavaco coloca-se na singularíssima posição europeia, que é a de ver quem já exerceu as mais altas funções públicas a correr em salvação do seu partido, objetivamente nas aflitinhas, ou tecendo, a desuso, o autoelogio, mas sempre esquecendo – será que chegou a saber? – a repelência com que milhões de portugueses o viram deixar as tais elevadas funções públicas. De resto, residiu aí a razão da sua derrota forte na corrida presidencial com o Presidente JJorge Sampaio.
Termino deste modo, um pouco como nas feiras: para quando a próxima intervenção de Anibal Cavaco Silva? Aceitam-se apostas.

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