O MODO PORTUGUÊS DE ESTAR
A ISLAMOFOBIA É, HOJE, O REAL NOVO PROBLEMA EM PORTUGAL
Talvez ontem, já com o meu novo computador, lá voltei a vasculhar o blogue DUAS OU TRÊS COISAS, de Francisco Seixas da Costa. Nele fui encontrar o post do nosso embaixador, que mostro de seguida:
Deve haver poucas coisas mais impopulares do que aquela que vou dizer, mas digo-a, sem a menor tibieza: não sendo o antissemitismo, há muito, entre nós, uma questão preocupante, acho que nos devemos começar a inquietar seriamente com a onda de islamofobia que aí começa a grassar.”
É um texto repleto de realidade e atualidade, num tempo que se nos vai impondo sem valores, sempre subservientes e obrigados perante esse grande líder norte-americano, que é Donald Trump. É um tempo terrível. O que por aqui se disse sobre as grandes festas de baronetes em Portugal, pelo final da governação de Salazar, e como hoje o que se passa com o casamento de Bezos, em Veneza, apenas é noticiado como mera informação, naturalmente sem um ínfimo da tal crítica que a nossa oposição fez naqueles casos que decorreram em Portugal. Afinal, o tempo mudou, mas o ventou que voltou foi bem pior…
É bem verdade que o antissemitismo, há muito, entre nós, não é uma questão preocupante. Não faltaram colegas meus, no liceu e na universidade, seguidores da religião judaica. Tive mesmo, no liceu, o colega que veio a ser o líder da Igreja Ortodoxa Portuguesa, mas também, até na minha turma, colegas de religião hindu, e dois outros que eram muçulmanos. A grande verdade é que seria muito maltratado quem se determinasse a levantar objeções com base na opção ou prática religiosa. Hoje, neste domínio e como se vai podendo ver, as coisas mudaram.
Neste terrível e desumano tempo que passa, questão realmente preocupante, e que nos deve começar a inquietar seriamente, é a onda de islamofobia que começa a grassar no seio da nossa comunidade humana. Infelizmente, a grande comunicação social não cumpre o seu papel de corretor desta aberração repugnante. Pelo contrário: de um modo ou de outro, o que acaba por dar-se é uma atitude de marginalização dos crentes do Islão, olhados na base da vasta sucessão de mentiras, ou de deformações, passadas durante as guerras que têm vindo a ser levadas à prática pelo Ocidente, sempre sob a liderança dos Estados Unidos, por acaso comandados hoje por Donald Trump.
Hoje mesmo, Leão XIV recebeu uma plêiade de clérigos ucranianos, lamentando a guerra sem sentido que vem tendo lugar na Ucrânia. O próprio Papa Francisco também se deslocou à Embaixada da Federação Russa junto da Santa Sé, a fim de que se evitasse a invasão daquele país. Com boa memória, não recordo a deslocação de um qualquer Papa à Embaixada dos Estados Unidos ao tempo, por exemplo, da Guerra do Vietname, ou do Iraque, ou da invasão de Granada pelos Estados Unidos, etc.. E muito menos na sequência dos bombardeamentos nucleares às cidades japonesas.
Do mesmo modo, conheço o que também o leitor sabe: a nossa Igreja Católica abriu as portas dos seus templos, já desde o início da década de 90 do passado século, à prática religiosa da Igreja Católica Ortodoxa Ucraniana. Em contrapartida, o capelão da Academia Militar recusou a deposição do corpo do Major-General Fernando Passos Ramos dado ser evangélico…
Também tenho vindo a dar-me conta de que a liberdade religiosa, afinal, parece não ter ainda chegado ao Porto, porque os muçulmanos ali residentes não conseguem arranjar um terreno, a fim de nele construir a sua essencialíssima mesquita… No fundo, o que já se havia dado em Lisboa, lá para os lados da Mouraria, onde também nunca se conseguiu encontrar o tal terreno. É a liberdade religiosa em Portugal e no seu maior expoente…
Por fim, uma pergunta que me parece minimamente lógica: não conseguirá o nosso bispo católico do Porto ajudar os seus irmãos muçulmanos a encontrar o tão essencialíssimo terreno destinado à sua mesquita? Pois, não aí, já desde há muito, a tão badalada liberdade religiosa, bem como o seu prolongamento que é o ecumenismo?!!
