Um interessante texto jornalístico de ontem salientava que as apreensões da Polícia Judiciária em 2022 já bateram o recorde dos últimos 15 anos. E esmiuçava esta situação salientando que até esta semana foram apreendidas mais de 14 toneladas de cocaína, a maior parte em veleiros em alto mar e em contentores nos portos.
O texto refere, ainda, que a procura de cocaína na Europa está a aumentar, assim tornando o espaço europeu no mercado mais apetecível para a máquina global da produção de estupefacientes. Como teria de dar-se, estima-se que a produção terá bem mais que duplicado. De um modo simples: o combate à produção, transporte, venda e consumo de cocaína está em vias de sofrer uma pesada derrota. De facto, o resultado de uma estratégia que falhou há muito. E como foi possível haver quem de tal duvidasse?!
A peça noticiosa em causa salientava, por igual, que as apreensões ali referidas não atingem mais que 10 a 20% do tráfico. E também que, com a violência a acentuar-se cada vez mais nestas estruturas criminosas, que corrompem funcionários em portos e aeroportos, Portugal está na sua rota. Bom, basta olhar um globo terrestre, e logo se percebe que Portugal teria sempre de ser uma porta preferencial para a entrada na Europa da cocaína – não só – proveniente do subcontinente americano. Se a isto somarmos a proximidade a Marrocos, bem como os laços fortes entre as antigas províncias ultramarinas e Portugal, deixam de existir razões para pôr em causa que Portugal é a grande porta de entrada de cocaína – e não só – no espaço europeu.
Por fim, o facto de estarem a crescer as apreensões não impede que novas tentativas de passagem sejam operadas, o que terá de significar que a esperança de êxito continua a ser francamente positiva. E depois, Portugal é um país pobre, onde com grande facilidade se consegue a colaboração de soldados que permitam fazer funcionar esta verdadeira mina de ouro branco.
