A 22 de Janeiro de 1910, o jornal O Commercio do Lima[1], de que era então director-gerente Pelágio dos Reys Lemos, referia que estava a nascer, em Ponte de Lima, um novo jornal e de que nas suas oficinas (Tipografia Confiança, na rua Vasco da Gama) tinha sido “há dias fechado contrato” para a publicação (impressão) do mesmo de “cujo primeiro número sairá em meados de Fevereiro”.
Precisamente, a 15 de Fevereiro foi divulgado o n.º 1 do jornal, “semanário imparcial”, Cardeal Saraiva, tendo como director António José de Oliveira[2], o dia semanal de publicação a terça-feira, a propriedade da empresa do Cardeal Saraiva, a redacção e administração na rua António Feijó.
No número 16, de 31 de Maio, o cabeçalho do jornal passa a referir, também, o nome do administrador: Avelino Guimarães[3]
O número 24, de 9 de Agosto, é o último desse ano de 1910. A edição só é retomada a 8 de Novembro de 1911 (com o n.º 25), agora à quarta-feira, passando a redacção e administração para o Largo de Camões, a composição e impressão na Papelaria e Tipografia Modelo (a vapor), na rua dos Monjavos, Viana do Castelo. Desaparece a referência a director, sendo apresentados como redactores António J. d’Oliveira e Malafaia Neto[4], administrador e editor, Avelino Guimarães, continuando a propriedade da empresa do Cardeal Saraiva.
O n.º 49, de 24 de Abril de 1912, é referido como de aniversário, e incluiu o retrato de diversos “colaboradores” (Dr. A de Magalhães; Dr. Luís Nogueira; Pe. Araújo Calheiros; Dr. Francisco Maia; Dr. Francisco de Queiroz; Júlio de Lemos), do Dr. António Ferreira[5] (“fundador do Cardeal”) e de António José de Oliveira (“fundador e actual redactor”).
Ainda em 1912, no n.º 62, de 31 de Julho, desaparece, no rosto, a referência a redactores (o n.º seguinte, 63 de 7 de Agosto, refere que “desde o presente número, deixa de fazer parte da redacção d’este jornal…Malafaia Neto”) e, mantendo o restante, volta a ser mencionado, como director, António José d’Oliveira.
Em 1913 (a partir do n.º 92, de 13 de Março) é director, administrador e editor, Avelino Guimarães, e o jornal passa a publicar-se à quinta-feira.
Nesse mesmo ano (n.º 113 de 4 de Setembro), a composição e impressão começa a ser feita na Papelaria, Livraria e Tipografia Guimarães – Praça de Camões de Ponte de Lima.
Em 1916, Avelino Guimarães é referido como proprietário, director e editor.[6]
Como mera curiosidade importa relatar que, sem que o cabeçalho tenha sofrido qualquer alteração, durante três números de 1921 (486, 487 e 488), com relevo, é noticiado, na primeira página, que “durante o impedimento do director deste semanário, como administrador do concelho, fica exercendo a direcção deste jornal o nosso distinto amigo e colaborador sr. Ismael Mota”.[7]
Depois, e durante muitos anos, até ao falecimento de Avelino Guimarães, trave-mestra da existência deste título, no essencial (propriedade e direcção), não registamos alterações de vulto.
NOTAS:
[1] 1910.01.22 – O Commercio do Lima, n.º 176
[2] 1888-1949 – António José de Oliveira nasceu em Ponte de Lima. Com continuada ligação à imprensa, ao ensino (professor e autor de títulos para a instrução primária) e à produção teatral.
[3] 1879-1959 – Avelino Pereira Guimarães nasceu em Labrujó, no concelho de Ponte de Lima, empresário de vários ramos (passou pelo Teatro Diogo Bernardes, e também por diversas iniciativas cinematográficas em outros locais), com intervenção cívica e política continuada o que lhe valeu vários cargos e muitos incómodos.
[4] 1888-1951 – Américo Malafaia Neto professor e autor teatral, profícuo colaborador e correspondente da imprensa, gazetilheiro perspicaz, contista, pintor, cenógrafo, decorador, político.
[5] 1885-1963 – António Gonçalves Ferreira, natural de Ponte de Lima, político (foi presidente da Câmara e administrador do concelho de Arcos de Valdevez), magistrado e autor literário, colaborador da imprensa.
[6] Não tendo sido possível a consulta dos n.ºs 239 a 242 do jornal, é verificável que o n.º 243, de 18 de Maio, já assim o refere.
[7] 1893-1974 – Ismael Cândido Guimarães da Mota, natural de Ponte de Lima, foi funcionário municipal, actor e músico amador, empresário do Teatro Diogo Bernardes, colaborador da imprensa e, dizem, um exímio apicultor.
Malafaia Neto Avelino Guimarães António José de Oliveira