
Como sempre esperei, lá decorre o nosso histórico rigoroso inquérito ao redor do caso das mortes ligadas à greve, mais do que justa, dos técnicos do INEM, e que agora nos mostrou um saldo parcial, reconhecendo – para já, claro está…– que existiu causalidade numa das mortes que tiveram lugar.
Claro está que nunca duvidei de que um caso deste tipo, com o Governo da AD em funções, jamais poderia apresentar responsabilidades políticas. Sobretudo, com a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins. Isto mesmo transparecera já das palavras de José Pacheco Pereira, em O PRINCÍPIO DA INCERTEZA, mesmo à beira do fim da governação de António Costa: isto é inaceitável para com qualquer Governo, seja do António Costa ou do PSD… bom, depois, com o PSD isto já não se dará. É uma expressão que vale por tudo o resto que possa dizer-se sobre a (dita) democracia portuguesa.
Hoje, já não duvido de que a democracia, em Portugal, se encontra assim como comeres finos em corpos grossos: aos poucos, a democracia, por acaso em linha com o que se desenrola no mundo, acabou por mostrar a sua objetiva inoperância, desde a moral, condenando na Federação Russa o que nunca se refere no caso de Israel, até à completa incapacidade para resolver o que é mais essencial para a enormíssima maioria das pessoas. É um tempo terrível, o que até se pôde voltar a perceber neste domingo, sem que Leão XIV tivesse uma palavra fortemente crítica para as mortes às pazadas por parte do exército israelita, quando os palestinos se encontram a levantar os parcos alimentos que lhes são fornecidos. Mortos à fome, à sede e à bala, e com quase todo o Ocidente nas calmas…
No meio de tudo isto, aí nos surgiu o novo Secretário-Geral do PS, José Luís Carneiro, que logo nos brindou com este miminho: este Governo parece que quer enfraquecer o Estado Social. Repare, caro leitor, que o novo líder do PS ainda não tem certezas, porque apenas lhe parece… E quem diz o Secretário-Geral do PS, diz a sua camarada Isabel Santos, que, sorrindo, lá respondeu ao seu entrevistador da CNN Portugal, ao redor de se dizer dos feridos ucranianos o que nunca se diz dos mortos palestinos às mãos de Israel: pois é, há um duplo critério,…há um duplo critério. E se assim sorriu, também tudo continuou na mesma. De resto, Isabel Santos teve até a lata de continuar a garantir que a União Europeia continua a ser o tal espaço dos valores!!! Bom, caro leitor, é o momento da gargalhada.
Por fim, perante toda esta realidade sem nexo, justifica-se que coloque esta mais que oportuna pergunta: que é feito da CPI sobre o Montenegro? A verdade é que há muito se percebeu, ainda com Pedro Nuno Santos na liderança do PS, que este partido estava a preparar-se para dar o dito por não dito. Uma espécie de seguro político global, frequentemente apontado como estando presente, há muito, no domínio do designado Bloco Central. Não me admiro, pois, que os portugueses, como tantos outros povos do mundo, se tenham desiludido com a democracia e com as suas instituições.
E já agora, e mesmo por fim, ainda mais esta pergunta: acredita que se a senhora que andou nestes dias por 5 hospitais, acabando o bebé por vir a falecer, assim teria andado se fosse a nora – mero exemplo – de Luís Montenegro, ou Marcelo Rebelo de Sousa, ou Ana Paula Martins, ou Pedro Santana Lopes? Claro que não acredita. Aliás, ninguém acredita, com as notáveis exceções dos antes referidos. O mundo, esse, continua a rodar, até porque dispomos hoje da democracia.