
A comunidade católica de Ponte de Lima encontra-se em pé de guerra com a Diocese de Viana do Castelo após a polémica decisão de afastar o padre Carlos Lopes das quatro paróquias do Arciprestado. O caso, que já motivou protestos públicos e um abaixo-assinado com mais de 2000 assinaturas, escalou na passada quarta-feira quando uma reunião entre fiéis e o bispo D. João Lavrador terminou em clima de grande tensão.
Testemunhas presentes no encontro descreveram ao nosso jornal uma atitude “autoritária e intransigente” por parte do prelado, que teria chegado ao ponto de desligar as luzes durante a tentativa de diálogo. “Houve crianças a chorar e famílias profundamente abaladas. O bispo virou costas à comunidade e ignorou por completo as nossas petições”, relatou um dos membros da comissão de fiéis.
A polémica começou quando a Diocese emitiu um comunicado a 28 de junho anunciando a saída do padre Carlos Lopes, justificando-a com “dificuldades de adaptação”. Porém, a comunidade contesta veementemente esta versão, afirmando que o sacerdote, que chegou há dois anos às paróquias, conquistou rapidamente os fiéis com a sua “humildade e dedicação pastoral”. “Ele manifestou sempre o desejo de permanecer connosco e já superou todas as dificuldades iniciais”, garantiu uma paroquiana.
Em protesto, os fiéis colocaram no dia 28 de junho um cartaz de apoio ao padre Carlos e de crítica ao bispo na rotunda do Parque Empresarial da Gemieira. Agora preparam medidas mais duras, que incluem a demissão coletiva de cargos eclesiais, boicote às celebrações, encerramento temporário das igrejas e até a não participação nas próximas eleições autárquicas. Está ainda em curso uma petição para levar o caso ao conhecimento do Cardeal-Patriarca de Lisboa e da Santa Sé.
“Exigimos transparência e respeito. A Igreja deve estar ao serviço do povo, não acima dele”, declarou o porta-voz da comunidade, acrescentando que continuarão a lutar “com serenidade mas firmeza” pela permanência do padre Carlos Lopes. Contactada pelo nosso jornal, a Diocese de Viana do Castelo limitou-se a reiterar o conteúdo do seu comunicado anterior, sem fazer novos comentários sobre o caso.