Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Ano 115- Nº 4976

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Israel está transformado num quase estado pária

DESESPERO – Israel está transformado num quase estado pária

HÉLIO BERNARDO LOPES

Quase com toda a certeza, Israel terá ultrapassado os limites moralmente aceitáveis por parte de um qualquer Estado da (dita) Comunidade Internacional. Em todo o caso, a cumplicidade dos Estados Unidos, que tudo vão suportando, mormente com o desgraçado Joe Biden que lhes calhou pela proa, lá permite que Israel continue a tratar o Direito Internacional Público a um nível ainda mais baixo que o que, pela natureza das coisas, em geral o acompanha.

Perante a indiferença do Tribunal Penal Internacional, cujo Procurador-Geral ainda tentou aparentar uma universalidade da estrutura em face dos prevaricadores políticos do Planeta, e depois do Tribunal Internacional de Justiça ter instado Israel a sair da Cisjordânia e de Gaza até ao final do presente ano, Israel deitou-se agora a tratar António Guterres como persona non grata, como se tal pudesse ser minimamente compreendido pela Comunidade Internacional, incluindo o seu suporte de todo o tipo de crimes, como se dá com os Estados Unidos. É, manifestamente, uma demonstração do direito à asneira, derivado, como se percebe, do desespero que resulta de Israel se ter transformado, por decisão própria, como um Estado pária, completamente fora da lei, e até liderado por um Primeiro-Ministro que é alvo de três processos-crime por suspeitas de corrupção!!

Sem estranheza, uma reação do Conselho de Segurança de ontem apontou como inaceitável a atitude de Israel para com António Guterres, com os votos favoráveis de todos os membros permanentes, com a expectável exceção dos Estados Unidos. Ainda assim, perante a bestialidade da decisão de Israel, os Estados unidos lá fizeram saber hoje que entendem que tal atitude nada traz de produtivo para Israel. Enfim, um estado de verdadeiro isolamento a que Israel chegou, depois de décadas de crimes contra palestinos e muitos outros, e que só não teve repercussões porque os Estados Unidos, com os a si obedientes Estados europeus, fizeram por esquecer o que se foi passando com os múltiplos crimes de Israel. E tudo, sempre, suportado pela grande comunicação social, que foi alinhando com o esquecimento dos crimes de Israel…

Por fim, uma nota que me parece oportuna, dado que a grande comunicação social nunca aborda esta realidade: ninguém toma a iniciativa de promover o que aqui se impõe, que é estudar, de modo perseverante e sistemático, a procura de uma solução de paz para o Médio Oriente, a fim de que a segurança de cada um dos Estados da região, bem como dos seus diversos povos, possa dar início (finalmente!) ao lançamento das bases para um desenvolvimento harmonioso de toda aquela região e gentes.

Aqui está um domínio em que António Guterres bem podia ter tomado a iniciativa, ou mesmo o Papa. E se o atual vier a ser sucedido pelo nosso cardeal Américo Aguiar, como suspeito – poderia, com lógica, tomar o nome de Francisco II –, seria excelente que se desse início à construção da paz no Médio Oriente, o que é possível, desde que com boa-fé, lealdade e vontade interior forte.

 

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