Terça-feira, Novembro 12, 2024

Ano 115- Nº 4976

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Recuperação do Paço de Curutelo gera polémica

“Adeus, Curutelo”. Foi desta forma que o historiador Miguel Ayres de Campos-Tovar alertou, nas redes sociais, para as obras a decorrer no Paço de Curutelo, em São Julião de Freixo.

Recentemente adquirido pelo Grupo Vila Galé, o Paço de Curutelo é neste momento um estaleiro de obras onde surgem novas construções à volta da torre medieval.

O resultado visual tem vindo a merecer fortes críticas da população em geral, mas também de vozes autorizadas, como é o caso do historiador Miguel Ayres Tovar.

Para o historiador a presente intervenção resulta numa “completa descaracterização dum paço medieval, da sua envolvência e da legibilidade duma paisagem”.

O Paço está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1977. Durante muitos anos permaneceu num estado de semi-abandono e a necessitar de investimento avultado para a sua recuperação, mas o historiador garante que seria preferível “para Curutelo mais 20 ou 30 anos de abandono do que a solução achada”.

“Os desafios inerentes à rentabilização do património não podem justificar tudo, nem dispensar o exercício de bom senso nas intervenções aprovadas”, assegura.

Vasco Ferraz não gostou da intervenção do historiador, mas Miguel Ayres Tovar diz que “a denúncia é um direito cívico que me assiste, mesmo num contexto mal habituado ao convívio democrático com a opinião diferente como é Ponte de Lima”.

Por sua vez, o autarca recordou o facto de Miguel Ayres Tovar  ter sido contratado pelo Grupo Galé para executar um trabalho histórico sobre o imóvel.

Vasco Ferraz usou o tom acusatório para questionar o historiador “se nesse momento negou-se a executar o trabalho com a mesma indignação que faz agora?”

Em resposta à questão levantada pelo autarca, Miguel Ayres Tovar esclareceu que o pedido “foi um levantamento sobre a história da casa, completamente independente do projecto. Fi-lo, justamente, com a preocupação de sensibilizar o Grupo VG para o valor histórico do imóvel e permitir a sua devida valorização para hóspedes e visitantes”.

Segundo Vasco Ferraz, o Município e a Assembleia Municipal de Ponte de Lima aprovaram uma declaração de interesse público, tendo o projeto tido o parecer favorável de outras entidades, como a Reserva Agrícola Nacional (RAN), Reserva Ecológica Nacional (REN) e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional- Norte.

O autarca assegura que o imóvel já mostrava sinais de clara deterioração e, neste momento, “só se vai manter de pé porque alguém resolveu executar um investimento de aproximadamente 6.000.000 euros, coisa impossível para os anteriores proprietários ou qualquer comum cidadão”.

Ainda segundo Vasco Ferraz, o investimento em curso tem um forte impacto económico para a região e, para além de promover o território, vai criar postos de trabalho diretos e indiretos.

“É melhor isso ou deixar cair no esquecimento, devoluto e abandonado até que o património deixasse de o ser…”, deixa no ar o autarca em jeito interrogatório.

Será sempre “melhor um monumento abandonado do que um monumento desvirtuado”, assegura o historiador.

 

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