Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Ano 115- Nº 4976

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Sindicato dos bombeiros sapadores alerta para “enormes carências” em Lisboa

O presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) criticou hoje o poder político na cidade de Lisboa pelo apoio às associações humanitárias de bombeiros voluntários quando os bombeiros sapadores enfrentam “enormes carências”.
“Nada temos contra os apoios que possam dar aos bombeiros voluntários, se porventura os bombeiros sapadores, que são os bombeiros de todos os contribuintes, não tivessem enormes carências”, afirmou Ricardo Cunha, presidente do SNBS e bombeiro sapador em Lisboa.
O representante do SNBS falava na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, no período de intervenção aberto ao público, em que apresentou um discurso de “crítica ao executivo municipal e a todos os deputados municipais de todos os espetros políticos”.
Ricardo Cunha explicou que a sua intervenção foi motivada pela aprovação, por unanimidade, em dezembro, de uma recomendação da Assembleia Municipal de Lisboa para que a câmara elabore um plano de substituição dos quartéis dos bombeiros voluntários da cidade, compra de equipamentos, viaturas, entre outros.
O presidente do SNBS alertou que o Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) de Lisboa tem quartéis sem condições de salubridade e até em risco de ruína, como é o caso do de Benfica, referindo que o vereador da Proteção Civil na Câmara de Lisboa, Ângelo Pereira (PSD), informou que “não existe verbas” para responder a estas questões.
“Não existe verba para retirar telhados de amianto, mas bem recentemente esta assembleia aprovou uma doação de 200 mil euros para os Bombeiros Voluntários da Ajuda”, reclamou Ricardo Cunha, referindo que essa verba foi justificada pela falta de chão no quartel.
No entanto, “na mesma freguesia [Ajuda], o quartel dos Bombeiros Sapadores de Santo Amaro, que são os bombeiros legalmente responsáveis pelo socorro, tem os telhados do quartel em amianto, não têm climatização, não têm aquecimento, têm tetos escorados com madeiras, a instalação elétrica não aguenta os aparelhos atuais”, apontou o sindicalista.
A resposta que o SNBS recebeu do vereador Ângelo Pereira foi de que “é mais fácil disponibilizar verbas para as associações humanitárias do que para o RSB”, adiantou.
“No nosso entender, o senhor vereador Ângelo Pereira não tem capacidade para estar à frente da Proteção Civil Municipal […], pois tem despendido verbas públicas para entidades privadas como não há memória e que em nada têm beneficiado a cidade”, acusou Ricardo Cunha.
Reconhecendo o recente investimento municipal em viaturas para o RSB, o sindicato avisou que os bombeiros sapadores estão com falta de fardamento, equipamentos de proteção individual (EPI), nomeadamente botas de fogo, computadores e telefones.
“Até à data, e apesar deste sindicato estar a alertar para estas necessidades há mais de um ano, ainda nada foi comprado, mas recentemente foi proposto pelo senhor vereador e aprovado por esta assembleia a doação de 50 mil euros para as associações humanitárias”, criticou o sindicalista, acrescentando que esta verba foi justificada com o trabalho realizado nas últimas cheias na cidade, apesar das “inúmeras queixas que os quartéis do RSB receberam sobre serviços mal executados por essas entidades”.
O SNBS lamentou ainda a disponibilização de 400 euros para aquisição de ambulâncias a serem doadas às associações humanitárias da cidade quando “a maioria” dessas viaturas de socorro são tripuladas por elementos sem a formação mínima exigida.
Entre as “inúmeras faltas de respeito” que os bombeiros sapadores sentem por parte das associações humanitárias, este sindicato lembrou o incêndio no parque florestal de Monsanto, em agosto, “que só não culminou numa catástrofe para a cidade devido ao empenho e ao risco que os bombeiros sapadores de Lisboa se expuseram, e que poderia ter sido evitado caso se cumprissem as leis”.
Ricardo Cunha recordou ainda que em 2020 a câmara doou seis jipes às associações humanitárias, das quais “a viatura doada para a associação humanitária do Beato e Penha de França foi vendida aos bombeiros sapadores de Viana do Castelo”.
“Não sabemos se existe alguma ilegalidade nesta venda, mas uma coisa temos a certeza: eticamente não foi correto”, acusou.

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