Avelino Castro
DIRETOR
O Município de Ponte de Lima tem vindo a assumir a reorganização do areal na frente ribeirinha da vila. Criou uma ecovia junto ao leito do rio, tem vindo a introduzir material inerte e terraplanar todo o areal para ali permitir o estacionamento automóvel.
Dessa organização espacial, a autarquia limiana decidiu circunscrever a movimentação automóvel naquele espaço junto ao rio Lima, colocando várias pedras, que, depois de alinhadas, funcionam como barreira limitativa para os automóveis.
Acontece que há pedras e pedras. Há pedras sem história e outras carregadas de história.
Sabemos que uma pedra é uma pedra. Porém, quando lhe é aplicada algumas transformações, ela deixa de ser uma pedra qualquer e passa a contar história.
E tanto pode ser pelo desgaste porventura provocado pela água de um qualquer curso de água, como pela acção do homem que, ao devastá-la, a transforma em arte.
Se a tudo isto juntarmos o facto de esse trabalho artístico ter sido realizado há centenas anos, o valor dessa pedra, e da história que ela representa, é altamente elevado e merece todo o nosso respeito e valorização, nomeadamente promovendo a sua preservação.
Ora o que podemos constatar é que, junto à Avenida dos Plátanos, entre muitas pedras ali existentes sem história, foi também ali colocada uma pedra trabalhada e que, pelo seu desenho, deverá pertencer às ameias da ponte medieval.
A confirmar-se esta evidência, tal demonstra uma falta de respeito gritante pela história e património limiano por parte da Câmara Municipal de Ponte de Lima, entidade responsável por tal “arranjo urbanístico”.
E não se fica por aqui. Há outras pedras, talvez de menor valor, mas valiosas demais para balizarem o estacionamento automóvel.
No mesmo local pode-se ver uma pedra de grandes dimensões com uma argola que terá servido para amarrar muitos barcos nas margens do Lima.
Este não é caso único de desleixo. Já há cerca de dois anos actos de vandalismo perpetrados durante a noite resultaram na queda de uma ameia junto à Torre da Cadeia Velha. Volvidos estes anos a situação ainda não foi resolvida, não tendo sido reposta a ameia no local.
Ponte de Lima, vila que se orgulha da sua história, parece andar um pouco alheada de alguns pormenores dignos de reparo.